21 de julho de 2020

Amiga de infância

 


Lilica, uma coelha encardida, fedida, desmilinguida e uma das minhas maiores amigas da infância. Amuleto divino e portadora de coragem para enfrentar qualquer desafio ou monstro que viesse perturbar na madrugada. Ouvinte pacienciosa, companhia nas crises de dor de cabeça e mordidas em bolo de cenoura, o nosso preferido.

 Hoje ela ainda é um dos meus troféus e um dos itens de valor inestimável das conquistas da minha vida. Atualmente, guardada o mais perto de mim possível, para que eu possa pedir socorro quando precisar ou sorrir ao vê-la de repente e lembrar de quantos Xous da Xuxa a gente assistiu juntas. Fiz muitas amizades nesta vida, muitas que são incrivelmente especiais, algumas desde que me conheço por gente, algumas devem ser de outra vida, outras que tem uma conexão linda, algumas que tenho saudade, outras que queria estar mais perto e de poder abraçar com mais frequência. Acho que tenho muita sorte nesta vida, de ter amiga gente, amiga gata e amiga pelúcia. Ou vai ver, eu sou só uma doidinha mesmo!

6 de maio de 2020

Quando eu odiava as flores



Teve um tempo que vivi em meio a flores. Durante parte da infância e adolescência minha mãe tinha uma floricultura e neste período de dia das mães, todos os cômodos da nossa casa eram tomados por caixas de flores com suas cores, texturas e aromas. E eu simplesmente ODIAVA.

Numa época onde não existiam flores artificiais, as flores eram uns dos principais presentes de dias das mães e nossa família trabalhava muito na semana inteira. A nossa geladeira era lotada de rosas vermelhas, pois se você não sabe, é ali que elas são guardadas, e até hoje tenho ranço de rosas e seus espinhos, pois era a minha tarefa retirar todos os espinhos daquelas plantas metidas. Espinhos criados a whey protein, que mesmo havendo ferramenta para retirá-los, o jeito que achava mais eficiente era com os dedinhos mesmo. E cada espinho era uma dose maior de ranço! E cada pedido de 30, 60, 100 rosas enfeitadas que chegavam naquele balcão eu ficava mais possuída pelo ritmo ragatanga e imaginando quem gostava daquela breguice! Tudo bem, estamos falando de mais de uns 20 anos atrás...

Quando acabava aquela semana, estava eu com os dedos doloridos. Minha mãe com as mãos tingidas de fitas e igual um zumbi. Meu pai com glitter até pelas orelhas pois na época todo mundo queria sufocar as flores com brilho. Entrávamos para casa e a geladeira estava vazia, pois não existiam mais rosas dentro e a gente havia esquecido de comprar comida. Minha vó tinha feito um carreteiro ruim (nisso ela não tinha talento), mas pelo menos a refeição não seria xis de novo. E assim era a semana.

Passaram 20 anos e como vão as coisas? Amo as flores. Ainda não gosto de rosas, principalmente as vermelhas. Porém escolhi trabalhar em algo que é tão parecido com aqueles dias de confusão, porém sem glitter. Não tinha muita noção disto quando escolhi meu destino.
Minha cabeça parece os cômodos da casa cheios de flores, porém com campanhas, promoções, mídias. Houveram anos que devo ter escrito umas 40 mensagens diferentes sobre a mesma coisa. Neste, por felicidade, tenho colegas lindos me ajudando nesta árdua tarefa. Mas a rotina está quase igual de quando vivia numa floricultura. 
Acordar cedo e não pensar em nada a não ser “enfeitar rosas” para outras mães que não a minha. Aí vai chegar domingo (como outros anos) e a minha mãe não vai ter uma postagem especial, uma mensagem tocante, uma rosa enfeitada, um cartão bonito, pois trabalhei tanto para que outras mães ganhassem seus presentes, se sentissem homenageadas e especiais.

Agora é a minha vez de estar com as mãos tingidas de fita, porém ainda saí no lucro, pois o carreteiro da minha mãe é muito melhor do que o da minha avó!

16 de abril de 2020

Tutu Tubagata



Cinza sempre foi uma cor que eu associei com tristeza.

O nublado era sempre sinônimo de melancolia.

Dias cinzas, sorrisos cinzas, nuvens cinzas, sempre foram formas que eu usava na escrita para representar a falta de alegria.

Mesmo que eu ame dias de chuva!
Mas o cinza agora para mim é uma paleta que representa energia, beleza, felicidade.
O cinza é a cor da Tutu.

Meus dias estão cinzas. Cinza de Tutu. E isso é bom!
Cinza de uma gatinha filhote que morde, arranha, estraga tudo o que vê. Que cavoca a terra dos vasos, corre pela casa, entra em qualquer lugar que pode (e não pode), provoca os outros seres da casa, tenta tomar o café da minha caneca, sobre em cima do meu notebook, não me deixa trabalhar sossegada e depois de fazer muita bagunça, pula do meu colo, me olha com seus lindos olhos verdes e se aninha para dormir.

Agora eu gosto de cinza!
Pois cinza ronrona! Cinza tem nariz rosado que toca no meu. Cinza nota que eu estou triste e esfrega sua pequena cabeça em minha buchecha para dizer que está perto. Cinza mia!

Cinza é tão lindo! Eu agora adoro esta cor!

15 de abril de 2020



Cabelos desgrenhados, dentes ligeiramente grandes, valores morais bem balisados e intensos, dedicação, lealdade, chatice, nerdice, uma bruxa fabulosa, foco nos estudos, paixão pelos livros. Hermione Granger tem muito de mim.

Fuga da realidade nas situações mais corriqueiras possíveis. Histórias fabulosas que só fazem sentidos em mundo de sonhos. O sorriso dos outros antes mesmo do seu. As framboesas e os feijões. Um anão de jardim que pode viajar pelo mundo. Aquele som de sanfoninha que dá vontade de dançar com vestidos retrôs e sapatinhas. Amelie Poulain tem muito de mim.


Olhos de jabuticaba, a gula pelo o que há de bom na vida, as fatias de melancia, um gato como cia, o senso de humor irônico. Magali tem muito de mim.


As vezes eu acho que a realidade é que não tem muito de mim, pois parece que ela não se encaixa com aquilo que sou. Talvez porque ela não seja tão poética, doce e aventureira. É chata, fria, tediosa e cansativa.


Mas o que somos nós se não personagens de nossas próprias vidas... de romances, dramas, comédias e terrores? Novelas mexicanas ou documentários sobre a vida selvagem de indivíduos comuns em dias de outono de uma pandemia.


Só sei que sou a mistura de muitas coisas, cheia de facetas e e digna de ser um personagem daqueles livros cheio de páginas, pesados e de capa dura e bem bonita. Só preciso começar a escrever ele de uma vez!

25 de março de 2020

Estamos todos presos

 


Acelera! Você pode! Pisa fundo! A estrada é só sua! Corra! Vá até o seu limite. Ninguém pode segurar você. Quer dizer... não podia!

Era assim que a humanidade se sentia... Como em uma corrida, em um carro potente e veloz! Pisando fundo, sentindo a adrenalina e a força voraz de ser dominante e cruel. Mas teve que frear.
Foi obrigada a frear. A natureza. O destino. Seja lá como podemos chamar isto... Algo nos obrigou a frear.

O mundo parou! Um vírus que nem sequer conseguimos enxergar nos fez parar. Não foi uma barreira gigantesca de pedras. Não foi um muro. Não foi um iceberg. Não foi um meteoro. Foi o invisível aos olhos que nos fez parar.
E será que já deu para entender um pouco o porquê disto tudo?

É para que todos nós possamos olhar para dentro. Olhar para a gente. Para respirar, desacelerar e refletir de verdade! Afinal, a gente não reclamava que não tínhamos mais tempo para nada?! Então! Nós ganhamos aquilo que tanto pedimos! E agora, faz o que com isso?

É uma oportunidade única e talvez a última que a gente tenha para evoluir e nos tornarmos melhor. Olhar para aquilo que a gente se tornou e buscar redenção. Sim, redenção. Pois estamos tendo ainda uma oportunidade de mostrar ao mundo que vale a pena acreditar na gente, que parte de nós ainda vale a esperança! Que o planeta não deve desistir da gente.

Dentro das tuas grades, olhe para dentro de sí! Sem egoísmo! Sem pena também. Aproveite o silêncio e se escute.
E quem está contigo neste momento? Por algum motivo a sua companhia é quem deve estar ao teu lado neste tempo. Um precisa do outro. É tempo também de olhar para a sua família. Muitos serão obrigados a conviver com ela neste momento. Desligue a TV e conversem, se escutem, se abracem. Se perdoem, riem, aproveitem a oportunidade que a vida está te dando! Quem puder fazer isto...

Recebemos um presente de grego. Uma uma oportunidade de avaliar muitas coisas... e algumas coisas tiramos conclusões boas e outras esfregam verdades amargas na nossa cara: o consumo, a vaidade, as relações, a rotina, o trabalho, o egoísmo, o tempo, a forma como nos alimentamos, o valor do dinheiro, a nossa casa, a desigualdade social, o tédio, os hábitos que tivemos em nossa vida, a família, a liberdade, quem a gente coloca no poder.

Sabe quando nossa mãe nos colocava de castigo, sentada no cantinho para “pensar no que a gente fez”. É exatamente o que está acontecendo com a gente. Estamos sendo obrigados a pensar no que a gente fez de errado. E agora eu te pergunto. Quando a gente saia do castigo, antes do tempo, sem pensar no que a gente fez, o que a nossa mãe fazia? Ou nos colocava lá de novo, ou quem sabe rolava uma chineladinha.

Então... O que mais precisa ser dito para nós, crianças mimadas que somos, para entender, que, ou a gente muda, ou nossa “mãe” tomará medidas extremas?

E lamento te contar... mas as coisas vão piorar. Ainda teremos fases piores. Ainda o medo não estará alastrado, a sensação de morte iminente ainda está longe, pelos canais de TV mostrando as belas ruas italianas, que um dia eu pretendo passar. Quem sabe, quando chegar neste sentimento triste aqui, a gente entenda o que eles lá sintam, e quem sabe entendamos um pouquinho o que os refugiados de guerra sintam, e um pouquinho o que um vilarejo africano sentiu em tempos de ebola, ou um pouquinho do que Brumadinho sentiu. Enfim, sei que é pesado o que estou dizendo, mas muitas vezes só quando uma pessoa sente medo de verdade, passa a entender que outra pessoa também sente. Só quando uma pessoa sente dor, entende que o outro também sente.

Faltará dinheiro. Sobrará fome. Haverão lágrimas. Por isso não pode faltar empatia.

No meu ver, isto maior do que uma doença! É maior do que eu, do que você, do que nossa roda de amigos ou nosso país. É maior do que a conta bancária de grandes figurões! É maior do que uma crise financeira! É uma reconfiguração de muitas coisas. Foi dado um reset no mundo e a culpa é todos nós! Fomos egoístas, gananciosos, autoritários. Nós descumprimos as leis da natureza. A gente foi indo, cada vez mais rápido, mais imprudente, mais acelerados, mais sedentos, e quando percebemos, chegamos aonde estamos. É uma intervenção! É necessário, dolorido, triste, assustador. Mas é uma chance... A chance que temos de pisar no freio. De respirar. De aceitar e voltar uns passos.

Abrace quem você puder! Só quem está dentro da sua casa, por segurança, viu!
Daqui uns dias, vamos precisar de mais força, amor, empatia e solidariedade.
E quando isto passar, pois vai passar, vamos tentar juntos fazer alguma coisa diferente?

17 de fevereiro de 2020

Coragem para seguir em frente



Até que ponto, você teria coragem de largar tudo para ser quem você realmente é? De escolher um novo caminho, só seu?

Isso precisa de coragem! Coragem esta que a maioria de nós não temos! Mas tive o privilégio de assistir, e aplaudir, algo assim acontecer.

Ser individual é um presente! Poder expressar o que quer, sente, gosta e abraçar o que te faz feliz, não é uma bênção que todos nós temos! Muitos e muitas ficam trancadas em grades imaginárias, impostas por outras pessoas, como a família, a namorada, o marido, os amigos, a sociedade como um todo. Tem gente que teme de sair deste quadradinho e brigar por aquilo que realmente merece: a liberdade de ser único!

Liberdade, muitas vezes, é uma condição física. Mas também é um condição psicológica. Afinal, mesmo que você possa caminhar por aí, sua mente e coração podem ter tido as asas cortadas. Mas com trabalho e coragem, dá pra colar elas novamente, com cola quente.

Vi uma amiga colando suas asas. Com medo, com tristeza, com dor... a cola ardia na pele, mas ela continuou colando, mesmo que isso machucava. E cada nova peninha, dava pra ver a coragem aumentando, até que pulou para um grande voo. São poucas pessoas que tem tamanha coragem! E isto é tão admirável e potente!

Mas ver isso acontecer, não apenas me deu uma nova dimensão da ideia de coragem, mas também de generosidade. Pois quando ela estava cansada, veio uma porção de pessoas de vários os lados ajudar na tal tarefa de consertar suas asinhas. Gente pra abraçar quando estava com medo, gente para assoprar a cola, gente para catar as penas pelo chão, gente para colocar um trampolim para que alçasse seu primeiro voo e gente lá no chão, esperando com o Merthiolate, caso rale um pouco os joelhos na hora de aterrissar. Pessoas que estavam dispostas a fazer o bem de forma genuína. Sem querer nada em troca, sem nenhuma pretensão. Só espalhar o bem! E sabe pq isso acontece? Porque a mocinha com as asas coladas também é do bem. 

Coisas boas acontecem quando a gente é generoso com o mundo.
Que esta semana seja assim! De coragem e generosidade!
Coragem para sermos nós mesmos e seguirmos no caminho que que nos faz feliz. Generosidade para ajudar os outros a voarem e deixar o céu mais bonito!

28 de janeiro de 2020




A gente escolhe o caminho que quer seguir.

As vezes não temos muitas opções de trajeto ou mapa para nos guiar, mas somos nós que decidimos dar o primeiro passo.

E decidimos também continuar caminhando.
Você está num caminho que realmente deseja estar? Está contente com o cenário que está enxergando? Está satisfeita com o ritmo da caminhada?

Lembre-se que quem define isto, é você!
Aproveite o caminho, respire fundo, sinta o chão tocando em seus pés e faça o trajeto ser tão especial quando à chegada.

E se você não está feliz, pode voltar até aquela bifurcação e escolha a outra estradinha. Se não der para voltar, então corra! Passe correndo, para que passe logo e você encontre o caminho de tijolos dourados que tanto anseia.

Só não fique parada! Continue em movimento e aproveite o passeio nesta rota chamada vida!


3 de janeiro de 2020

O que você pode fazer por 2020?

 


O que estou fazendo exatamente agora?

Além de escrever, é claro?!
Tomando um café no meu escritório e sentindo e refrescante brisa entrando pelo meu jardim. Estou num dos lugares que mais sonhei na vida! Um cantinho pra chamar de meu!

Uma mesa branca com muitos lápis coloridos. Bonecos e enfeites que fui guardando ao longo dos anos. Uma parede linda de passarinhos. E quando olho para o lado, vejo as plantinhas que tento manter vivas com meu pouco conhecimento botânico.

Este lugar foi uma conquista de 2019, que mesmo que tenha sido um ano bem espinhento, me trouxe coisas boas.
Eu estou no meu lugar no mundo! Com o clima que eu amo! 
Fazendo o que eu amo! E me inspirando para fazer mais disto em 2020.

Em breve vou levantar desta cadeira, trocar de roupas e ir almoçar com meus pais. Não tem coisa melhor do que poder sentar à mesa com eles. Depois vou até o hospital fazer um exame (não se preocupe, estou bem), pois uma das metas deste ano é acabar com o raio da dor de cabeça que tanto me maltratou em 2019. Hoje é dia de cuidar de mim... de esfolhear a pele com mel, tomar um banho demorado, cuidar do cabelo. Nada de loucura de salão. Só eu e minha gata curtindo o aroma de um incenso e um tempo para olhar no espelho e pensar...você é linda assim!

Lá fora acabou de passar um pai com seu filho, recolhendo recicláveis. Já é o suficiente para a gente pensar um pouco no quanto reclamamos por pouco né?! Enquanto estou em um dos melhores lugares do meu mundo, tem uma criança trabalhando em pegando chuva lá fora. Ou seja, é vida dizendo, alou! Comece o ano com gratidão e também com caridade, pois sempre haverá pessoas no mundo precisando de você!

E como tá sendo o seu ano novo? Já está trabalhando? Está voltando da praia? O que anda fazendo?
Que tal começar a refletir sobre todas as oportunidades que este ano está te dando? Deixe o vento tocar o seu rosto e respire fundo deixando o seu corpo todo se energizar. Busque dentro do seu coração o que você pode fazer por 2020!Como você pode mudar as coisas. Sejamos gratos por tudo o que passou em 2019... tudo foi necessário.

E meu desejo para o ano novo? Que eu possa me comprometer mais com aquilo que faz bem. Pra mim e pra vc!
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