27 de fevereiro de 2018

Quando o amor faz mal



Era uma vez um sapo. Esse sapo virou um príncipe. Por sua vez esse príncipe virou um dragão. E o dragão precisa virar passado!
O assunto está bem recorrente, mas acho que tem coisas que precisam ser faladas e repetidas quantas vezes forem necessárias para que a gente entenda. Há quanto anos as mães falam “leva um casaco porque vai esfriar” e ainda assim, a gente saí muitas vezes sem um cardigan a tira colo?! Então repetir é bom sim!

Quero falar de amor! Ahhh o amor, aquela coisa bonita, cheia de coraçõezinhos e borboletas no estômago... Essa é a sua melhor roupagem! Mas não quero falar desse amor que constrói e agrega. Quero falar daquele que vai envenenando aos poucos e que quando menos se percebe, vira uma doença grave e sufocante! É triste, mas realmente o amor pode sim virar um grande tormento, e garanto que em algum momento você perceberá que conhece alguém que precisa achar a tal cura.



Muito anda se falando de amores tóxicos ou relacionamentos abusivos, mas nem sempre consegue se compreender o que é isso e como são as suas manifestações. E sabe por quê? Porque começa como qualquer história de amor. Às vezes ainda mais intensa e apaixonante. E o ser maligno da relação pode ser qualquer um, mas a gente acaba sabendo mais de mulheres que sofrem, talvez pela fragilidade emocional e quem sabe pelo fato de que está cada vez mais complicado estabelecer relacionamentos saudáveis e isso gera mais carência e expectativas. Mas enfim, começa como um conto de fadas e você acredita que acertou na loteria, que não merece tanta felicidade. As pequenas gentilezas constroem a percepção cor de rosa da situação. É um presente fora de hora, o cachecol em volta do pescoço para não pegar frio, o café na cama para um bom dia, abrir a porta do carro, um jantar romântico. É botar a meia no seu pé, a música sussurrada no ouvido e os planos que se faz quando sonha acordado.


Quando se está imergida em felicidade os primeiros sinais de que algo está errado passam a ser despercebidos. Ele vai pedir para trocar de roupa, não usar mais o batom vermelho, trocar a cor do esmalte. E no inicio você vai pensar “tá, tudo bem...” e depois começa a piorar. Vai querer que mude o seu comportamento, vai pedir para se afastar de suas amigas ou até mesmo da sua família (afinal, são essas pessoas que poderiam te salvar). Fale mais baixo, coma isso, vista aquilo, vá em tal lugar, não compre isso. Como uma erva daninha, vai se alastrando em diversos pedacinhos da tua vida, dominando cada ato teu e tentando direcionar os teus pensamentos também.


E quando você perceber estará à beira de um precipício. E mais triste. Perguntando por que não se jogar de lá. Pareço dramática não é?! Mas acontece assim! E o pior, muitas vezes a vítima se culpa, pois não entende o que aconteceu e como chegou até ali. Tenta entender “por que ele mudou tanto?”. Mas aí está um dos piores fatos...ele não mudou, ele é assim mesmo e apenas se apresentou como um príncipe da Disney para te conquistar e feito isso se transforma em um bárbaro medieval.


Ninguém está livre de se envolver com um ser tóxico. Não tem idade ou classe social. E isso acontece muito minha gente... E é agressão! As vezes psicológica, financeira e pode partir para física e até sexual. E quantas meninas engolem seu choro atrás de uma maquiagem e um sorriso? Quantas já se trancaram no banheiro por minutos de paz? Quantas gritaram silenciosamente pedindo ajuda? Quantos “tudo bem” são “eu não aguento mais”? 


A gente precisa entender umas coisinhas...
- Se critica quem você é, não é amor.
- Se faz você se sentir inferior, feia, burra ou incapaz, não é amor.
- Se grita com você e não te respeita, não é amor.
- Se tenta te distanciar de quem você ama, não é amor.
- Se menospreza suas conquistas e sonhos, não é amor.
- Se te obriga a fazer coisas que você não quer, não é amor.
- Se não é altruísta e acha que tudo deve ser de acordo com os planos dele, não é amor.
- Se ele controla o seu dinheiro, ou usa ele ou o seu nome de forma irresponsável, não é amor.
- Se ele controla seus passos, com quem fala ou o que faz da sua vida, não é amor.
- Se usa os filhos para magoar, chantagear ou atacar, não é amor.
- Se ele não te assume ou tem vergonha de você, não é amor.
- Se ele te agride, seja com palavras ou com atos, não é amor.
- Se ele usa o seu corpo sem tua vontade, não é amor.
- Se ele joga na sua cara que te sustenta e por isso deve obediência, não é amor.
- Se ele te trai, engana ou satiriza a sua dor, não é amor.


E não é amor mesmo! Mesmo que peça desculpas mas depois faz de novo, mesmo que chore fingindo arrependimento, ou que te traga um presente incrível. Tens uns que dizem que agem assim “pelo seu bem”. Acredite, não é pelo SEU bem, é pelo bem DELE!


Olhe ao seu redor. Olhe com carinho e sem julgamentos. Quem sabe alguém precisa levar um toque! Pois sabe o que é triste?! É que tem muitos desses monstros espalhados que enganam todos ao seu redor atrás de uma pelagem de cordeirinho! Homem correto, honesto, charmoso, interessante, inteligente, de família. Entenda também, que se algum dia viveu numa situação assim, ele nunca te pedirá desculpas, pois muitas vezes ele acredita de verdade que não fez nada errado. Ou às vezes mente tanto, mas tanto, que acredita nas suas próprias mentiras.


E quando se fala de relacionamento tóxico é mesmo como se aquele indivíduo fosse uma droga mesmo. Vicia e destrói, mas você precisa...é dependente. E por uma hora de felicidade extrema enfrenta outras 23 horas de dor e desespero. E continua “usando” pois não vê outra opção... Sabe aqueles dias que a gente bebe um pouco a mais. E quando está no ápice pensa “uouuu eu sou a rainha do mundo... me dá mais uma taça desse espumante”. Vida loca não é?! E daí no outro dia a ressaca atordoa, dói tudo, o enjoo é absurdo e você promete “nunca mais eu vou beber” até receber no Whats um convite imperdível para a festa do próximo sábado. Funciona bem assim! 


Odeio 50 tons de cinza. Confesso que li apenas o primeiro livro. Pois aquilo tudo ali é a poetização de um relacionamento abusivo. E não falo pelos “tapinhas do quarto vermelho” isso é o mais irrelevante da história. Mas ele na verdade se esforça para que a menina se apaixone por ele, ele a seduz de todas as formas. E quando ela se vê suscetível e frágil, impõe o que ela deve fazer e não oferece nada de volta. E quando digo nada, falo de sentimentos e não de um carro novo. Até onde li, aquele homem era incapaz de amar. Me dizem que o enredo vai mudando, mas não quis continuar, pois acreditem... na prática, ele não vai mudar!!! 
O que aquele filme te diz? Vamos lá... Deixa ele dizer o que vestir, deixa ele ser ciumento, deixa ele ser autoritário, deixe ele criar contratos estranhos, deixe ele impor seus desejos, entenda que ele não quer ser tocado, que ele não quer te assumir, que ele não quer um relacionamento que você julga correto para você...afinal, ele é tão lindo, perfeito, rico, charmoso. Ele pode! Se contente com as pequenas gentilezas e com a sua conta bancária!


Se você viveu ou está vivendo tudo isso. Lute por sí! Acredite! Você é forte e pode e merece mais! Talvez você precise de ajuda! Não se envergonhe e busque um psicólogo ou um psiquiatra, eles vão poder te ajudar muito. Busque apoio na sua família e amigos. Grite sim! Esperneie! Não fique parada, continue a nadar! E se você conhece alguém que está presa nessa tempestade, ofereça seu apoio, seus ombros e seu amor. Por favor, faça alguma coisa!


Adoro aquela música que fala que um joelho ralado dói menos que um coração partido. Pois é bem assim! Mas gente... tudo passa! Se você está no meio do temporal, pode não perceber. Mas uma hora o sol volta! A questão é não desistir de acreditar no amor. Se você tem cicatrizes no coração, não deixe ser tomada pelo azedume ou pelo pessimismo. O amor existe mesmo, e todos são merecedores de um abraço verdadeiro e de uma mão para segurar. Não deixe que o mal corrompa as suas esperanças. Nunca desista da sua felicidade, mas desista de quem não tem a capacidade de te fazer feliz!
Você é bem mais do que isso, garota!

Texto escrito dia 06 de fevereiro de 2018.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...