A vida doméstica não é algo muito fácil não! Mas para mim, pintaram como se fosse um bicho papão com três cabeças feiosas e cheiro de alvejante!
No próximo mês farei aniversário de casamento. Serão 3 anos de amor e também de uma casa para chamar de minha. E com ela, obviamente vieram várias outras tarefas do cotidiano para me preocupar.
Quando casei, fui bombardeada por comentários descrentes. Muitas pessoas achavam que eu não daria conta de viver a minha rotina e mais o plus de trabalhos triviais de quem não mora mais com a mãe. Era difícil de acreditarem que eu sabia cozinhar, e que não era só o strogonoff bacaninha para impressionar o namorado. Que sim, eu sabia ligar uma máquina de lavar roupas, ou que sabia o que precisava comprar no supermercado para abastecer uma geladeira. Fizeram eu me sentir uma patetona!
Vai ver as pessoas acreditavam que a princesinha aqui ia cortar os dedos picando temperinho verde. Quanta bobagem! Minha mãe me ensinou direitinho... ensinou a me preocupar com o que realmente importa! E que se algo deu errado, não dá nada...outra hora dá certo. A
Não significa que seja uma ótima dona de casa... bem pelo contrário! Sou estabanada demais. Estraguei todas as panelas que ganhei no meu chá. Pintei a camiseta preferida do meu maridinho junto com a maioria das suas meias de cor de rosa, porque misturei roupas na máquina. Depois de limpar toda a casa percebo que existe um espaço ao lado da geladeira cheia de teias de aranha, e fico P*%@ pois nunca nem notei que existia aquele lugar na minha casa! Teve presentes que mal sabia como usar. Acertei a receita do bolo de cenoura apenas uma vez das 10 tentativas que fiz. Durante muito tempo não tinha comida descente nos armários além de Cheetos e Bolacha Maria. E em vez de usar a escumadera pra fazer panqueca, prefiro tirar fotos com ela!
Esse post não é para contar como me tonei uma dona de casa perfeita. Pelo contrário... continuo sem muita paciência. Não corto nada pequeninho para cozinhar, afinal temos dentes para isso e nem gosto de ficar mais que 30 minutos preparando algo. Minha casa sempre tem pêlos no chão. Compro roupas que não amassam para facilitar a vida. Bem passado lá em casa, só as camisas do meu marido, pois ele é quem pilota o ferro à vapor, aquele monstro que solta fumaça pelas ventas e que dá medo!
Mas sabe para o que é esse post? Além de rir de mim mesma?! É para pensar um pouco se a gente não menospreza as pessoas quando elas têm um novo desafio para enfrentar. Quem me conhece sabe que boa parte da minha vida eu estudei. Agora que dei uma paradinha de estudar, mas dou aula. Enfim, meu foco sempre esteve nos livros. E para mim, textos, provas, tcc, apresentações são simples, mas sei que para muitos não são. E toda vez que alguém me disse até hoje “vou voltar a estudar”, “vou pra faculdade” “farei carteira de motorista”, “vou me matricular num curso de inglês” ou qualquer outra coisa, euzinha sempre, mas sempre respondi com uma palavra de apoio! Vibrei junto! Nunca disse coisas como “vai ser difícil”, “você não vai aguentar”, “vai precisar de ajuda”, “você sabe fazer isso?”. Eu ouvi coisas assim, e confesso que fiquei triste um tempo.
Talvez para você, cozinhar feijão seja fácil. A primeira vez que fiz isso, comemorei muito e estava muito orgulhosa do resultado. Estava achando que aquilo era caviar! Mas sabe, não vivemos mais na época das “Amélias”, vivemos na era de “Anittas”. Ser assim não me faz incapaz, ou uma péssima esposa, me faz ser normal! Eu não sou aquela “mulher de verdade!” sou aquela que “Vai malandra, eta louca, balançando o bumbum” enquanto está passando aspirador pela casa, ou tendo embates filosóficos ou assistindo Masterchef e pensando “é melhor pedir uma pizza”!
Mas vamos recapitular! Simmmm! Eu sei cozinhar, ligar a máquina de lavar roupas, passar elas depois, limpar a casa, a geladeira, fazer bolo, organizar os armários. Sei para o que serve os produtos de limpeza, como se usa a panela de pressão (vai dizer que isso não é bem adulto?!), e onde ficam as coisas no supermercado! E se eu não sei como fazer, sempre sei alguém que eu posso ligar para me ensinar. Porque posso até ter medo de algumas coisas, mas não tenho medo de aprender!
A ideia aqui é que não devemos menosprezar a conquista do outro, por mais que para nós, ela seja irrelevante. Não é que para você algo é fácil, que tem o direito de olhar com superioridade as tentativas dos outros. Vamos deixar o pessimismo de lado, que tal?! E interessante acreditar que o pessimismo não tem maldade, que ele é uma reação automática para muitas pessoas, mas sugiro que todos nós vigiemos nossos comentários, por mais sutis que sejam, pois eles podem machucar e entristecer. Já pensou nisso?! Pense...
Não seja cruel. Ninguém precisa disso! Incentivar é bem melhor do que puxar para baixo como uma âncora pesada, chata e sem graça. Seja vento que toca pra frente, que movimenta, que faz o cabelo balançar. Não seja âncora!
Me incomodava quando diziam que eu não daria conta, quando não deixaram eu pelo menos tentar. Não foi fácil mesmo. Estava sempre cansada e frustrada. Pedi ajuda, deixei coisas por fazer e fui levando no meu ritmo. Hoje isso não me afeta mais.
E mesmo que o arroz queime, vamos acreditar mais em nós mesmos! Vamos acreditar mais nos outros. Vamos acreditar, minha gente!
Texto escrito dia 12 de janeiro de 2018.

Nenhum comentário:
Postar um comentário