27 de fevereiro de 2018

Missões impossíveis do dia a dia


Meu nome não é Ethan, mas já vivi várias missões impossíveis. Garanto que você também. E depois que acaba a gente percebe que nem era tão impossível sim.
Ao longo das nossas vidas nos deparamos por diversas tarefas e desafios que em alguns momentos parecem difíceis demais. A gente se assusta, teme, respira fundo e vai. E depois que acaba, a sensação de dever cumprido é incrivelmente recompensadora, não é mesmo.


A vez que tive esse sentimento mais forte e à flor da pele foi na minha formatura. Demorei 10 anos para terminar a faculdade, porém não era difícil aquela rotina, mas pagar os boletos sim. Nesse tempo todo aproveitei o quanto pude, aprendi bem mais, pois passei a ter mais maturidade e fiquei muito contente com tudo o que vivi. Diferente da maioria dos discursos de formatura, eu não achei penoso, difícil, trabalhoso. Nunca perdi uma noite de sono, nem mesmo com o TCC de mais de 270 páginas, não deixei de fazer nada ou conviver com minha família. Foi gostoso, leve e divertido. 
Porém aquela noite em que recebi o canudo, foi fora de tudo o que já havia sentido. Um misto de euforia, alívio e uma sensação de vitória. Uma conquista minha e para mim! Por mais que a família vibrasse e se emocionasse junto, aquilo era meu. Meus boletinhos pagos. Meus trabalhos. Meus textos. Meu momento. E para ter um plus, na mesma noite eu fui pedida em casamento e recebi o prêmio de aluna destaque do curso...coisa que para uma cdfzinha é como um Oscar. Se não tive um treco no coração aquela noite, nunca mais terei.

Mas a vida também é feita de vitórias menores, mas significativas também. Neste final de semana fui ao casamento de minha prima. Fui convidada para ser Dama de Honra e levar minha afilhada até o altar com as alianças. Num primeiro momento foi uma emoção. Depois começou a se tornar uma “missão impossível", tudo por causa de um vestido. A noiva pediu que eu usasse a roupa num tom específico de azul. Isso foi de boa, até eu procurar o tal vestido. Provei muita coisa... ou ficava grande, pequeno, feio, se era bonito também era caro, se era barato também era sem graça, ou era enfeitado demais, de menos, tinha detalhes que não seriam adequados. Essa pequena tarefa se tornou uma irritação. Passei a detestar a cor, pois ficava estranha nessa minha pele de Garota Verão Finlândia. Não aguentava mais perder a paciência por um pedaço de tecido. Dias antes do gran finale da história, pedi para minha mãe fazer a tal roupa, e dei uma pseudo bronzeada no corpicho... Resultado... Um final apoteótico. Ficou lindo, eu me amei e voltei a estar contente com a situação. Fui lá, cumpri o meu papel, levei a pequena Bella pela mão, mesmo eu sendo a dinda menos familiarizada com crianças que ela tenha, tropecei pois não conseguia tirar os olhos dela e me emocionei. Tentei estar perto e ser útil para a noiva nos dias que antecederam e naquela noite especial. Quando ela acabou e eu tinha o sentimento de dever cumprido. Como é bom esse sentimento!

Um vestido conseguiu me enlouquecer, irritar, revoltar, esbravejar. Tem outras coisas que nos fazer temer, nos esconder, postergar. Mas tudo é precedente de uma vitória significativa. Afinal, vivemos essas pequenas vitórias todos os dias...quando a gente acerta uma receita nova, quando falamos aquilo que está trancado na garganta, quando temos coragem de fazer algo que desejamos. É o resultado de uma prova, é o dirigir até um lugar que nunca se foi, um elogio no trabalho, um comentário em uma publicação. Ahhh, esses comentários...eles estão me deixando tão contente!

Numa palestra no ano passado, ouvi que todos nós temos que ter claro em nossa mente o nosso propósito de vida. A palestra em si não era a melhor coisa...muito voltado para vender, vender, vender, e eu ao gosto disso. Mas aquela frase ficou ecoando na minha cabeça, até outra que veio mais forte e me deu o clique “Eu quero emocionar as pessoas e despertar algo bom nelas”. Então cada novo texto, cada ato, cada palavra, eu faço no intuito de cumprir o meu propósito. E todo o feedback que recebo está fazendo eu sentir a tal sensação maravilhosa de “dever cumprido”!

Mas acho que tudo isso se torna real quando a gente comemora a vitória nas pequenas coisas do cotidiano. Seria bom se quando isso acontecesse tocasse “We Are Champions” aquela música do Queen que sonoriza qualquer conquista no programa do Luciano Huck! Mas fala sério, todos nós, nos superamos a cada dia, enfrentamos um novo desafio, encaramos algum medo. Sempre aprendemos alguma coisa nova. Então celebre cada vitória! O novo emprego, as abdominais a mais que conseguiu fazer, os quilinhos que perdeu, o tempo que passou a mais com quem ama, um ato de bondade que fez, o cigarro que não fumou, o abraço que deu, o dinheiro que economizou, o livro que terminou de ler, o refrigerante que não bebeu, o sorriso que despertou, o carro que comprou, o curso que se matriculou. Tudo, tudo!

Nos não somos o Ethan Hunt em busca do pé de coelho (quem curte cinema vai entender a referência) ou o James Bond que tem como rotina salvar o mundo de um terrorista lunático. Nossos desafios são um pouco mais simples que isso, mas a sensação de chegar em casa, sentar no sofá, tomar um dry Martini ou leite com Nescau mesmo, e saber que cumpriu seu dever é boa para caramba!
Parabéns para você pelas suas pequenas grandes vitórias!

Texto escrito dia 25 de janeiro de 2018.

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